O turnover é um dos indicadores mais importantes do RH de uma empresa 一 é por meio dele que conseguimos metrificar a fuga ou a retenção de talentos.
O termo do inglês significa, literalmente, “renovação” ou “virada”, mas para o meio empresarial, representa o cálculo entre a entrada e saída de colaboradores.
Esse indicador é muito importante pois, caso esteja muito alto, pode significar um aumento nos custos de contratação de funcionários e um prejuízo para a empresa.
Neste artigo, vamos falar de fatores de risco que aumentam a taxa de turnover e apontar medidas para melhorar a retenção de talentos na sua empresa.
O que é?
Como explicado acima, o turnover é a taxa de rotatividade de funcionários dentro de uma empresa. Na prática, é a relação entre o número de pessoas contratadas e demitidas em um determinado período.
O cálculo geral do turnover leva em consideração tanto demissões voluntárias como as feitas por gestores, transferências e aposentadorias.
As empresas podem utilizar essa taxa de maneira mais específica e traçar metas, olhando apenas para um tipo de turnover ou para apenas um setor.
Quais os tipos de turnover?
Como existem diferentes formas que uma pessoa pode deixar uma empresa, também existem diferentes tipos de turnover, que podem ser considerados positivos ou negativos.
Involuntário
O turnover involuntário ocorre quando a empresa decide demitir um funcionário, seja por má performance ou por qualquer outro motivo.
Esse caso pode gerar custos trabalhistas significativos, mas pode ser importante para manter a produtividade da empresa ou melhorar o clima organizacional.
Um alto turnover desse tipo pode significar que a empresa não está conseguindo fazer um processo seletivo de qualidade, o que gera retrabalho e custos de demissão e contratação.
Voluntário
Já o turnover voluntário ocorre quando o próprio funcionário pede para sair. Isso é mais comum entre executivos ou funcionários especializados, que normalmente saem por terem recebido propostas de competidores.
Não há necessidade de pagamento de verbas rescisórias nesse caso, mas um turnover alto desse tipo custa caro para a empresa, que precisa gastar recrutando novos profissionais.
A alta nesse indicador indica problemas na retenção de talentos, seja por falta de perspectivas de crescimento, baixos salários ou mau clima organizacional.
Dentro desse tipo existem dois subtipos: funcional e disfuncional.
Funcional
Esse tipo de turnover ocorre quando um funcionário que já estava indo mal e que provavelmente seria demitido pela empresa pede demissão.
Essa rotatividade pode ser benéfica para a empresa, visto que ela evita os custos trabalhistas que teria de pagar no caso de uma demissão involuntária.
Disfuncional
Já no turnover voluntário disfuncional, a empresa perde um funcionário que era produtivo e eficiente.
Esse caso é negativo para a empresa, mesmo que ela não tenha que pagar os custos de rescisão. Significa mais custos para recrutar um profissional que seja tão bom quanto aquele talento que foi perdido.
O que causa o turnover?
Cultura organizacional
Um clima ruim no ambiente de trabalho prejudica a saúde mental dos colaboradores e pode ser um motivo para que eles busquem uma nova oportunidade de trabalho.
O funcionário também pode descobrir que a cultura organizacional da empresa não faz sentido para ele. Ou, pior: perceber que a cultura vendida não é praticada no dia a dia de trabalho.
É importante cultivar um ambiente aberto ao diálogo e com respeito à diversidade. Ações de engajamento do time também podem ajudar nessa questão.
Salários e benefícios abaixo do mercado
Se a empresa está pagando muito abaixo que o restante do mercado paga para uma mesma função, os funcionários irão buscar se realocar.
Um baixo salário faz com que o funcionário se sinta desvalorizado e desmotivado a trabalhar. O mesmo vale para benefícios, que representam um critério importante na hora do aceite ou não de uma proposta de trabalho.
Para resolver esse problema, a empresa fazer uma pesquisa de mercado e ajustar os salários para manter os ganhos dos trabalhadores competitivos.
Falta de reconhecimento e plano de carreira
O reconhecimento dos esforços do funcionário por parte da gestão é parte relevante para que ele se sinta pertencente e importante.
Empresas sem um plano de carreira claro fazem com que os colaboradores se sintam estagnados; afinal, por que trabalhar se não há para onde crescer?
Esse é um ponto importante para a motivação dos funcionários e deve ser visto com cuidado pela empresa para conseguir uma boa retenção de talentos.
Má gestão e conflitos internos
Às vezes, o funcionário até gosta da empresa, mas precisar lidar todos os dias com um chefe despreparado faz com que ele perca a motivação para trabalhar.
Conflitos com colegas de equipe também podem ser um motivo para o colaborador escolher sair da empresa. O RH deve estar atento e intervir nesse tipo de situação.
Volume de trabalho
Por fim, o volume de trabalho pode ser o motivo para que um funcionário escolha deixar o emprego.
Rotinas exaustivas e horas trabalhadas além do combinado no contrato são pontos insustentáveis a longo prazo. Vale estudar a contratação de mais funcionários para desafogar a operação e evitar que os trabalhadores fiquem sobrecarregados.
Como fazer o cálculo?
O cálculo da taxa leva em conta o número total de admissões e demissões em um determinado período 一 normalmente, durante 12 meses.
Para calcular, basta somar esses dois números e dividir por dois. Então, esse resultado será dividido pelo número total de funcionários da empresa e multiplicado por 100:
Esse cálculo pode ser feito considerando apenas as entradas e saídas de um setor específico ou olhando apenas o turnover voluntário, dependendo do tipo de análise desejada.
Existe uma taxa ideal?
Uma taxa de turnover abaixo de 10% ao ano pode ser considerada boa, mas é necessário olhar as particularidades de cada negócio. Restaurantes e call centers, por exemplo, costumam ter rotatividades maiores.
Nem sempre uma taxa muito baixa é uma boa notícia: a rotatividade de funcionários é positiva em algum grau, para trazer novos olhares, ideias e bagagens culturais para a empresa.
Mais importante que o número em si é investigar as causas por trás do turnover e agir para melhorar o índice.
Como diminuir esse índice?
Revisão no processo seletivo
Muitas vezes, as atribuições da vaga não estão muito claras no momento do processo seletivo e isso faz com que pessoas que não eram as ideais sejam selecionadas.
É importante revisar todo o processo de recrutamento de forma a deixá-lo mais otimizado para a atração de talentos que venham para ficar.
Benefícios e salário
Empresas que querem manter seus funcionários devem revisar a política de salários e benefícios periodicamente, para deixar as remunerações condizentes com os cargos.
Deve-se ter o cuidado para não deixar os salários de pessoas em cargos semelhantes muito diferentes. O salário também não deve se distanciar do que o mercado está pagando para aquela função.
Benefícios podem ser uma boa estratégia quando a empresa não consegue efetivamente fazer aumentos no salário. É interessante ir além dos benefícios comuns, como vale refeição e plano de saúde.
Se sua empresa trabalha de forma remota, pode ser interessante um vale home office, por exemplo. Algumas empresas investem em cartões com saldo que pode ser gasto de forma livre, o que é uma opção interessante de incremento na renda do trabalhador.
Plano de carreira
Bons funcionários querem ser reconhecidos e querem crescer dentro da empresa. Empresas que não estabelecem planos de carreira podem perder esses talentos para concorrentes.
O plano de carreira deve ser apresentado para os funcionários de forma clara, mostrando quais passos são necessários para crescer.
Uma opção é atrelar esse plano a metas individuais e corporativas, para motivar os funcionários.
Cultura de feedback
Feedbacks são muito importantes em uma empresa que valoriza a comunicação. Os funcionários precisam ter a liberdade de propor ideias e de pontuar quando algo os incomoda.
Por meio da cultura de feedback, é possível perceber possíveis perdas de talentos e tentar revertê-las antes que elas aconteçam.
Flexibilidade na jornada
Com a pandemia, os trabalhadores passaram a valorizar cada vez mais a possibilidade de trabalhar de casa. Em alguns casos, funcionários largam o trabalho presencial em busca de oportunidades remotas – ou ao menos, híbridas.
Para além da possibilidade ou não de home office, dar aos funcionários mais flexibilidade na rotina pode ser uma boa ideia para mantê-los mais engajados. Essa iniciativa entende que os trabalhadores têm uma vida pessoal fora do horário de trabalho, e ajuda a facilitar o cotidiano dos colaboradores.
Gostou de aprender mais sobre turnover? Agora, confira nosso conteúdo sobre a importância dos stakeholders nas empresas!
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Autor
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Jornalista, escritora e pós-graduanda em Jornalismo de Dados, Automação e Data Storytelling. Escreve principalmente sobre Economia e é apaixonada por ouvir e contar histórias. Tem passagens por veículos como Estadão, O Povo e Diário do Nordeste.