Nos últimos anos, o termo ESG (Environmental, Social, and Governance) tem ganhado destaque, tornando-se um dos pilares das discussões sobre sustentabilidade e responsabilidade corporativa.
Mais do que uma simples tendência, o ESG representa uma mudança profunda na forma como as empresas operam e se relacionam com a sociedade e o meio ambiente.
Nesse sentido, entender a origem e a evolução do ESG é essencial para compreender seu papel no cenário empresarial atual. Desde a sua concepção, o ESG tem se consolidado como um conjunto de práticas que promove o desenvolvimento sustentável, fortalece a governança corporativa, a ética nos negócios e o impacto social positivo.
Mas você sabe como esse conceito surgiu e por que ele se tornou tão vital para o sucesso e a longevidade das organizações modernas?
Neste artigo, vamos explorar os principais aspectos do ESG e como eles influenciam as decisões estratégicas das empresas. Continue a leitura!
O que é?
ESG, traduzido do inglês – environmental, social and governance –, significa meio ambiente, social e governança. Segundo a Exame, o conceito de ESG emergiu inicialmente no mercado financeiro como uma métrica para avaliar o impacto das práticas de sustentabilidade nos resultados das empresas.
Ele ganhou destaque em 2004, quando foi formalizado pela primeira vez em um grupo de trabalho vinculado aos Princípios para o Investimento Responsável (PRI), uma iniciativa global apoiada pela Organização das Nações Unidas (ONU).
O objetivo do PRI é incentivar investidores a integrarem critérios ambientais, sociais e de governança em suas decisões de investimento, promovendo, assim, uma abordagem mais sustentável e ética no mercado financeiro.
James Gifford, economista que liderava a criação do PRI, capturou a essência do ESG ao destacar sua importância como um conjunto de diretrizes que mede e orienta as empresas em direção a práticas que geram valor a longo prazo, tanto para os negócios quanto para a população.
O que é ESG nas empresas?
Para as empresas, adotar as práticas de ESG significa assumir responsabilidades por resultados que impactam em toda a sociedade.
Nesse sentido, a integração dessas práticas nas operações empresariais serve para fortalecer a reputação da empresa. Além disso, as práticas podem melhorar a competitividade e atratividade para investidores, que cada vez mais buscam investir em empresas comprometidas com a sustentabilidade e a responsabilidade social.
De acordo com o Global Sustainable Investment Review 2022 (GSIR), publicado pela Global Sustainable Investment Alliance (GSIA), US$ 30,3 trilhões estão atualmente investidos em ativos sustentáveis globalmente, refletindo o crescente interesse e importância dos investimentos sustentáveis em mercados como Canadá, Europa, Japão, Austrália e Nova Zelândia.
Resultados
Nessas regiões, os ativos de investimento sustentável sob gestão (AUM) aumentaram 20% desde 2020. No entanto, nos Estados Unidos, uma mudança na metodologia para definir ativos sustentáveis resultou em uma redução significativa nos ativos rotulados como sustentáveis, caindo de US$ 17 trilhões em 2020 para US$ 8,4 trilhões em 2022.
Essas mudanças refletem os esforços contínuos da indústria, reguladores e formuladores de políticas para melhorar as definições de investimentos sustentáveis e enfrentar os desafios do “greenwashing“.
Tais desenvolvimentos são cruciais para garantir medições mais confiáveis do AUM sustentável global e para promover um entendimento mais claro sobre o que realmente torna um ativo “sustentável”.
À medida que o setor de investimentos sustentáveis amadurece, cresce a importância do engajamento corporativo e da ação dos acionistas como estratégias para promover mudanças corporativas e mitigar riscos relacionados à sustentabilidade. Isso demonstra como as empresas estão cada vez mais integrando princípios de ESG em suas operações para garantir resultados sustentáveis e um desempenho financeiro robusto a longo prazo.
- Leia também: Veja o passo a passo para implementar e conheça as vantagens do mapeamento de competências
As principais recomendações do GSIR
O Global Sustainable Investment Review 2022 (GSIR), além de fornecer dados relevantes sobre o crescimento e a distribuição de ativos sustentáveis globalmente, também apresenta uma série de recomendações políticas destinadas a fortalecer e orientar o futuro do investimento responsável.
Essas recomendações visam criar um ambiente mais favorável para práticas de ESG e promover uma maior convergência internacional em torno de padrões e regulamentações. A seguir, destacamos as principais recomendações apresentadas no relatório.
1. Oportunidades de investimento líquido zero
O GSIR apela aos governos para que estabeleçam ambientes de mercado de capitais que incentivem investimentos alinhados com metas de emissões líquidas zero.
Isso inclui a realocação de subsídios, a implementação de incentivos de mercado e a criação de estruturas governamentais que facilitem o desbloqueio de fluxos de investimento público e privado direcionados à transição para uma economia sustentável.
2. Alinhamento regulatório internacional
Reconhecendo os desafios decorrentes da fragmentação regulatória, o relatório enfatiza a necessidade de governos, reguladores e órgãos normativos trabalharem em conjunto para harmonizar as regulamentações de finanças sustentáveis.
Uma das propostas centrais é a convocação de uma Força-Tarefa de Convergência Regulatória de Finanças Sustentáveis, destinada a formular recomendações que promovam melhorias e um maior alinhamento das regulamentações globais, evitando abordagens minimalistas que possam comprometer a eficácia das políticas.
3. Maior disponibilidade de dados
Para que os investidores possam incorporar efetivamente fatores de sustentabilidade em suas decisões, é crucial o acesso a dados precisos e abrangentes.
Nesse sentido, o GSIR destaca a importância da adoção rápida e ampla de uma base global para divulgações de sustentabilidade corporativa aprimoradas, incluindo classificações ESG e benchmarks.
4. Natureza e biodiversidade
O relatório, ainda, recomenda a adoção global das diretrizes de divulgação elaboradas pela Força-Tarefa sobre Divulgações Financeiras Relacionadas à Natureza (TNFD).
Além disso, sugere a integração dos relatórios da TNFD na estrutura do International Sustainability Standards Board (ISSB), fortalecendo a abordagem integrada das questões ambientais nas práticas de divulgação corporativa.
Quais são os pilares do ESG?
Os pilares do ESG (Environmental, Social, and Governance), ou, Meio ambiente, Social e Governança, são as três dimensões fundamentais que guiam a implementação de práticas sustentáveis e responsáveis nas empresas e facilitam a sua mensuração. Vamos conhecer melhor sobre cada um deles:
Ambiental (Environmental)
O primeiro pilar foca no impacto que as atividades empresariais têm sobre o meio ambiente. As empresas são avaliadas com base em como gerenciam e minimizam os efeitos negativos de suas operações nos recursos naturais, nos ecossistemas e no clima. Este pilar engloba várias áreas, incluindo:
- Gestão de recursos naturais: uso eficiente de recursos como água, energia e matérias-primas, buscando reduzir o desperdício e promover a sustentabilidade;
- Mudanças climáticas: estratégias para reduzir as emissões de gases de efeito estufa e a pegada de carbono da empresa, contribuindo para mitigar as mudanças climáticas;
- Gestão de resíduos: práticas de reciclagem, reutilização e descarte responsável de resíduos, visando reduzir o impacto ambiental e promover uma economia circular; e
- Conservação da biodiversidade: Medidas para proteger habitats naturais, flora e fauna, evitando a degradação ambiental e promovendo a conservação da biodiversidade.
Social
O segundo pilar diz respeito ao impacto das operações empresariais nas pessoas e na comunidade. Ele avalia como as empresas interagem com seus funcionários, clientes, fornecedores, comunidades locais e a sociedade em geral. As principais áreas de foco incluem:
- Condições de trabalho: garantia de condições de trabalho seguras e saudáveis, salários justos, e promoção do bem-estar dos funcionários;
- Diversidade e inclusão: implementação de políticas que promovam a diversidade e a inclusão em todos os níveis da organização, combatendo discriminação e promovendo a igualdade de oportunidades;
- Direitos humanos: respeito e proteção dos direitos humanos em toda a cadeia de valor, garantindo que as operações da empresa não contribuam para violações de direitos humanos, como trabalho forçado ou infantil;
- Impacto comunitário: contribuição para o desenvolvimento econômico e social das comunidades locais, através de projetos sociais, investimento em educação e saúde, e outras iniciativas de responsabilidade social.
Governança (Governance)
Por fim, a governança se relaciona às práticas, políticas e estruturas que orientam uma empresa em direção à responsabilidade corporativa. Incluindo:
- Ética: implementação de códigos de conduta ética, prevenção de corrupção, suborno e outras práticas ilícitas;
- Transparência: divulgação clara e precisa das operações, finanças, riscos e práticas de ESG da empresa, permitindo que investidores e outras partes interessadas tomem decisões informadas;
- Composição do conselho de administração: diversidade, independência e competência dos membros do conselho, garantindo que a governança da empresa esteja alinhada com os melhores interesses dos acionistas e outras partes interessadas;
- Compliance: adesão às leis, regulamentos e padrões internacionais aplicáveis, minimizando riscos legais e regulatórios.
Conforme apresentado, empresas que adotam práticas ambientais responsáveis contribuem para a sustentabilidade global, e experimentam benefícios como redução de custos operacionais, aumento da eficiência e fortalecimento da reputação.
Assim, esperamos que este conteúdo tenha te ajudado a entender a importância do ESG para empresas. Agora, confira como implementar e quais os benefícios da cultura de feedback!
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Autor
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Gabrielle Dias trabalha como Analista de Marketing e é especialista em Educação, Tecnologia e Inteligência Artificial.