Entenda os desafios e as perspectivas do uso de tecnologias em sala de aula

Estamos vivendo na era da tecnologia. As ferramentas digitais evoluem de forma cada vez mais rápida e esse dinamismo tem impactos em todas as áreas, até mesmo na educação dos nossos jovens

Hoje, iremos discutir alguns dos benefícios do uso da tecnologia em sala de aula, a opinião de profissionais da área e quais desafios estão sendo enfrentados no contexto escolar atualmente. Vamos lá?

Criança tem celular? 

Uma pesquisa divulgada pelo IBGE em 2023 apontou que, no Brasil, 85% das crianças têm acesso à internet, e que mais da metade possui um dispositivo móvel, como o celular

Assim como nós, adultos, é natural que as crianças criem o hábito de levar os aparelhos para todos os locais, inclusive a escola, onde passam uma grande parte do tempo semanalmente. 

E é neste contexto que passamos a avaliar os prós e contras do uso das tecnologias, já que há várias implicações significativas que podem ou não cooperar para um desenvolvimento adequado da nova geração. 

Benefícios da tecnologia em sala de aula

Existem diversos benefícios relacionados ao uso das tecnologias no contexto educacional. Imagine que em uma sala de aula, um terço da turma tenha facilidade de absorção do conteúdo por meio da leitura em voz alta. A outra parte aprende melhor por meio da escrita do conteúdo em si. Por fim, o restante da turma consegue internalizar com excelência a matéria por meio de debate

Agora, é possível visualizar o professor chorando em posição fetal no canto da sala, não é? Brincadeiras à parte, parece impossível conciliar todas essas demandas. É nesse contexto que a tecnologia atua para auxiliar no processo de aprendizagem

Já temos acesso a inúmeros audiobooks e podcasts educacionais, plataformas de anotações colaborativas, fóruns de discussão e videoconferência, além de simuladores virtuais para jogos educativos, por exemplo.

Ao integrar essas ferramentas, o professor tem a possibilidade de criar aulas mais lúdicas e dinâmicas engajadoras, adaptando o método de ensino para cada aluno considerando suas necessidades, suas habilidades e seus interesses. 

‘A tecnologia tem me ajudado’

A professora Solaine Sá, formada em Letras pela Universidade Federal de Minas Gerais, atua em sala de aula há 5 anos e confirma que as ferramentas auxiliam, e muito, no processo de ensino.

A tecnologia tem me ajudado no dia a dia na sala de aula, por meio de pesquisas e também na organização das aulas, para criar slides mais interativos no Canva, por exemplo. É uma ferramenta muito útil”, afirma a educadora. 

Além disso, o retorno dos alunos tem sido positivo. Segundo Solaine, “os alunos amam atividades que envolvem a tecnologia, pois é uma forma de eles aprenderem o conteúdo de forma descontraída”. 

Quando questionada sobre o uso fora do momento adequado, Solaine criou algumas estratégias para superar a questão: “⁠É difícil concorrer com os distratores dos celulares, mas a estratégia é deixar combinado um tempo livre para que os alunos usem as redes sociais, naquele momento pós-aula”.

Fato é que, além de promover um maior engajamento na turma, utilizar essas ferramentas pode, sim, facilitar o acesso ao conhecimento, permitir a colaboração mais eficiente em projetos, desenvolver habilidades e permitir inclusão e acessibilidade

E quais as desvantagens?

Como nem tudo é perfeito, evidentemente, teríamos alguns desafios a serem enfrentados nesse cenário. O uso da tecnologia em sala de aula nem sempre é saudável, muito devido ao fato de estarmos lidando com jovens em fase de amadurecimento, sem uma consciência clara de limites. Isso nos leva a alguns problemas. Entenda:

Uso excessivo e dependência

Muitos alunos se tornam condicionados ao uso da tecnologia para realizar tarefas básicas, principalmente com o advento da inteligência artificial. Seja para uma pesquisa, seja para a resolução de problemas, o uso excessivo e subordinado da tecnologia pode dificultar o desenvolvimento de um raciocínio crítico e independente

Distrações

Como mencionado também pela professora Solaine, uma reclamação frequente dos professores está relacionada às distrações

Facilmente, os estudantes conseguem acessar redes sociais durante a aula, além de jogos ou conteúdos não relacionados à matéria. Sem contar as famosas “colas” durante as atividades (avaliativas ou não). 

Acesso a conteúdos impróprios

Um tópico grave diz respeito à navegação não supervisionada, que pode levar o indivíduo a acessar informações inadequadas, duvidosas e impróprias para sua idade. 

Problemas de interação social

A comunicação, a colaboração e a resolução de conflitos são algumas das habilidades que podem ser gravemente afetadas caso o uso das tecnologias seja feito de maneira leviana e pouco consciente. 

Há jovens com um comprometimento evidente no desenvolvimento social, afetivo e emocional devido ao distanciamento causado pelo uso de telas. 

Desigualdade de acesso

Apesar do índice significativo de crianças e adolescentes com acesso a celulares no Brasil, vimos pelos dados do IBGE que ainda há uma parte dos jovens que não têm acesso a dispositivos tecnológicos, o que pode causar uma disparidade e discrepância no aprendizado. 

Proibir o uso de celular em sala de aula: avanço ou retrocesso?

No dia 6 de dezembro de 2024, Tarcísio de Freitas, governador de São Paulo, sancionou o projeto de lei que proíbe o uso de celulares em escolas públicas e privadas do estado. O uso ainda é permitido em caso de atividades propostas pelo professor e para alunos com deficiência que dependam dos recursos tecnológicos. A decisão divide opiniões.

Ana Lydia Souza é professora de português para alunos do 6º ano da rede pública de ensino na cidade de Itabira, interior de Minas Gerais, e opina que “a tecnologia é uma aliada da educação, quando bem utilizada e regulada. Tem um potencial para dinamizar a didática e até mesmo as relações dentro da sala de aula e do espaço escolar, além de otimizar também o tempo e o fazer pedagógico”. 

Ao ser questionada sobre como conduzir os estudantes a fazerem um uso adequado e consciente das tecnologias em sala de aula, Ana afirma que “esse uso ético e responsável da tecnologia parte da sensibilização, que é possível por meio do conhecimento. Então, é necessário permitir que os nossos alunos tenham contato, que eles tenham acesso e conheçam essas tecnologias modernas”. 

Fica claro que o assunto é complexo e exige nossa atenção. Privar os alunos de terem acesso às tecnologias não é a melhor estratégia, mas o uso indiscriminado, sem qualquer reflexão ou regulamentação, pode gerar danos irreversíveis na geração que está sendo formada para atuar em  diversas áreas do mercado de trabalho na sociedade. 

Vale a pena conhecer

Abaixo, confira algumas dicas de ferramentas que auxiliam professores e alunos no processo de ensino e aprendizagem na sala de aula:

  • Fábrica de Provas: a plataforma mais completa de criação e gestão de provas em toda a América Latina. Ela possibilita diversas funcionalidades, como: criação, gestão e aplicação de provas online e impressas; produção de itens personalizados para simulados de vestibulares, Enem e outras avaliações; correção de redações. O sistema educacional ainda conta com um banco de mais de 450 mil questões de domínio público e recursos antifraude e anticola, com centros de fiscalização remota.
  • Wordwall: possibilita preparar atividades personalizadas para sua sala de aula, com quizzes, competições, jogos de palavras e muito mais.
  • Kahoot: plataforma de aprendizado baseada em jogos e testes de múltipla escolha, que permite a geração de usuários e pode ser acessada por meio de um navegador da Web ou pelo aplicativo no celular. É geralmente utilizada como recurso didático em escolas para revisar o conhecimento dos alunos, para avaliação formativa ou como uma pausa das atividades tradicionais da sala de aula.
  • StoryboardThat: o Storyboard é uma sequência de desenhos quadro a quadro com o esboço das diversas cenas pensadas para um conteúdo em vídeo. O visual desse esboço é semelhante ao de uma história em quadrinhos e o objetivo é elaborar e detalhar a sequência da narrativa. No StoryboardThat, você cria junto com os alunos sequências de comunicação visual impactantes e intuitivas.
  • Animaker: uma plataforma para iniciantes, designers não profissionais e profissionais para criar vídeos de animação.
  • Mentimeter: recurso digital para criar interações em tempo real, como enquetes, nuvem de palavras ou coleta de perguntas. O principal objetivo da ferramenta é criar interações para grandes grupos e tornar isso visível para todos.
  • Sway: recurso digital da Microsoft que possibilita a criação de páginas web para elaboração de apresentações, trilhas de aprendizagem, portfólios ou qualquer outra produção online. 

Gostou das dicas? Compartilhe com um educador! E agora, que tal conhecer o conceito de bem-estar digital nas escolas

Foto do post: Reprodução/Freepik

Autor

  • Roberta Rinaldi

    Graduada em Letras pela UFMG e pós-graduada em Tecnologias Educacionais para Aprendizagem e EaD pela PUC Minas. Atualmente, é Coordenadora Pedagógica na Imaginie, maior plataforma de correção e ensino de redação do Brasil. Amante da educação, dos dias ensolarados e das boas leituras.

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