A Taxonomia de Bloom é uma ferramenta amplamente reconhecida e utilizada no campo da educação para definir e categorizar os objetivos educacionais.
Desenvolvida pelo pedagogo norte-americano Benjamin Bloom e seus colaboradores na década de 1950, a taxonomia é essencial para o planejamento didático-pedagógico, ajudando educadores a estruturar e organizar os objetivos de aprendizagem.
No entanto, apesar de sua relevância, muitos docentes, especialmente no ensino superior, ainda não exploram plenamente o potencial dessa ferramenta.
Continue a leitura e compreenda melhor o que é a Taxonomia de Bloom, como ela funciona e quais são os benefícios para contextos educacionais. Confira!
O que é a Taxonomia de Bloom?
A Taxonomia de Bloom, ou Taxonomia dos Objetivos Educacionais, é uma classificação hierárquica de objetivos educacionais que visa categorizar as habilidades cognitivas que os estudantes devem desenvolver.
Ela surgiu em 1956 e foi criada pelo psicólogo educacional Benjamin Bloom e seus colaboradores, sendo utilizada como uma estrutura para o planejamento curricular, instrução e avaliação de desempenho acadêmico.
Quais os objetivos?
É sabido que cada disciplina requer diferentes habilidades para compreensão, e a Taxonomia de Bloom pode auxiliar os alunos a avançar em direção a um entendimento mais profundo dos assuntos, por meio de uma estrutura conceitual que ajuda na definição de objetivos de aprendizagem
Da mesma forma, os professores podem planejar suas aulas e avaliações escolares integrando a tecnologia à Taxonomia de Bloom. Isso não apenas proporciona aos alunos expectativas mais claras, mas também oferece aos educadores um método menos sujeito a vieses para avaliar o trabalho dos estudantes.
Assim, a Taxonomia de Bloom capacita os docentes para a personalização do ensino e para atender às necessidades específicas de cada aluno, expressando os mesmos conceitos em diferentes níveis da hierarquia (Vockell, 2001).
Domínios da Taxonomia de Bloom
Originalmente, a Taxonomia de Bloom foi dividida em três domínios principais. Entenda mais sobre sobre cada um:
Domínio Cognitivo
Refere-se ao conhecimento e ao desenvolvimento de habilidades intelectuais. Este domínio é o mais amplamente reconhecido e é subdividido em seis níveis de complexidade crescente:
- Conhecimento: relembrar informações previamente aprendidas.
- Compreensão: demonstrar uma compreensão dos fatos.
- Aplicação: usar o conhecimento em novas situações.
- Análise: dividir a informação em partes para entender sua estrutura e relação.
- Síntese: combinar elementos para formar uma estrutura nova e coerente.
- Avaliação: julgar o valor das informações ou ideias com base em critérios e padrões.
Domínio Afetivo
Relaciona-se com atitudes, valores e sentimentos. Este domínio é menos explorado em comparação com o domínio cognitivo, mas é igualmente importante no desenvolvimento do estudante.
A classificação do domínio afetivo é organizada em uma hierarquia de cinco níveis, do mais básico ao mais complexo:
- Recepção: o nível mais baixo, que envolve a consciência passiva ou a disposição para receber estímulos. Refere-se à capacidade de prestar atenção a certos fenômenos ou estímulos (por exemplo, ouvir um professor, prestar atenção a um livro, assistir a um vídeo).
- Resposta: nesse nível, o indivíduo não apenas está ciente de um estímulo, mas também responde a ele de alguma maneira. Isso pode incluir o cumprimento de tarefas, participação em atividades e discussões, ou qualquer resposta ativa a um estímulo recebido.
- Valorização: refere-se ao valor que uma pessoa atribui a um objeto, fenômeno ou comportamento. Este nível indica um compromisso ou atitude em relação ao que foi recebido e respondido anteriormente. Os alunos começam a atribuir valor às ideias apresentadas.
- Organização: aqui, os indivíduos começam a organizar valores diferentes, priorizando-os e estabelecendo uma estrutura para eles. Isso inclui a comparação, a relação e a criação de uma nova organização de valores com base em crenças e atitudes.
- Caracterização por um valor ou complexo de valores: este é o nível mais alto do domínio afetivo, onde os valores internalizados tornam-se parte do sistema de valores do indivíduo, influenciando consistentemente o comportamento e as atitudes. Isso representa uma integração completa de valores e comportamentos, que se tornam características definidoras do indivíduo.
Domínio Psicomotor
O Domínio Psicomotor na Taxonomia de Bloom trata do desenvolvimento de habilidades motoras, coordenação física e o uso de capacidades motoras em tarefas que exigem destreza e precisão.
Este domínio é particularmente relevante em áreas educacionais que exigem o domínio de habilidades práticas, como educação física, música, artes visuais, ciência experimental, tecnologia, e profissões técnicas e vocacionais.
Embora o domínio psicomotor não tenha sido tão amplamente detalhado quanto os domínios cognitivo e afetivo na taxonomia original de Bloom, vários modelos subsequentes foram desenvolvidos para classificá-lo de forma mais específica.
Um dos modelos mais conhecidos é o de Dave (1970), que propõe uma hierarquia para o desenvolvimento de habilidades psicomotoras:
- Imitação: copiar a ação de outro, observar e replicar.
- Manipulação: reproduzir a atividade de instrução ou de memória.
- Precisão: executar a habilidade de forma confiável, independente de ajuda
- Articulação: adaptar, integrar conhecimentos para satisfazer um objetivo não padrão.
- Naturalização: automatizar o domínio inconsciente de atividade e relacionar competências ao nível estratégico.
Revisão da Taxonomia de Bloom
Em 2001, uma revisão da Taxonomia de Bloom foi realizada por uma equipe de acadêmicos liderada por Lorin Anderson, um ex-aluno de Bloom. As principais alterações incluem:
Mudanças terminológicas
As categorias da Taxonomia foram renomeadas para verbos, refletindo uma abordagem mais dinâmica e processual:
- Conhecimento tornou-se Lembrar.
- Compreensão tornou-se Entender.
- Aplicação tornou-se Aplicar.
- Análise tornou-se Analisar.
- Síntese tornou-se Criar (e foi promovida para o nível mais alto).
- Avaliação tornou-se Avaliar.
MEMORIZAR | ENTENDER | APLICAR | ANALISAR | AVALIAR | CRIAR |
Reconhecer | Interpretar | Executar | Diferenciar | Verificar | Gerar |
Relembrar | Exemplificar | Implementar | Organizar | Criticar | Planejar |
Listar | Classificar | Computar | Atribuir | Julgar | Produzir |
Nomear | Sumarizar | Resolver | Comparar | Recomendar | Criar |
Definir | Inferir | Demonstrar | Contrastar | Justificar | Inventar |
Escrever | Comparar | Utilizar | Separar | Apreciar | Desenvolver |
Apontar | Explicar | Construir | Categorizar | Ponderar | Elaborar hipóteses |
Alterações nas dimensões
Além das mudanças de nomenclatura, a Taxonomia após a revisão passou a ser apresentada em duas dimensões: a dimensão do conhecimento e a dimensão dos processos cognitivos.
- Dimensão do conhecimento: inclui quatro tipos de conhecimento (factual, conceitual, processual e metacognitivo).
- Dimensão dos processos cognitivos: mantém os seis níveis de complexidade cognitiva.
Assim, a natureza hierárquica da taxonomia sugere que os níveis iniciais de cognição (Conhecimento, Compreensão e Aplicação) são fundamentais para o desenvolvimento das habilidades cognitivas de ordem superior (Análise, Síntese e Avaliação).
Esse modelo frequentemente é representado como uma pirâmide, na qual a base é mais ampla e representa os níveis básicos de conhecimento e compreensão, que são necessários para suportar o topo da pirâmide, onde estão as habilidades de pensamento crítico e criativo.
Confira abaixo como ficou a pirâmide da Taxonomia de Bloom antes e depois da revisão:
Conforme aprendemos, a aplicação eficaz da Taxonomia de Bloom na educação pode transformar a maneira como os estudantes se engajam com o conteúdo, interagem com os colegas e se preparam para as demandas do mundo moderno. Para continuar aprendendo sobre práticas educacionais inovadoras, confira o que é a Problem Based Learning e quais as vantagens!
Foto do post: Reprodução/StockSnap/Pixabay
Autor
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Gabrielle Dias trabalha como Analista de Marketing e é especialista em Educação, Tecnologia e Inteligência Artificial.