Entenda o conceito e os fundamentos da Teoria de Resposta ao Item (TRI)

pessoa fazendo prova em uma escola, teoria de resposta ao item

A avaliação educacional passou por transformações que buscavam aplicar uma metodologia mais sofisticada e precisa. O objetivo é permitir o acompanhamento do progresso estudantil e da construção de habilidades adquiridas pelos alunos ao longo do tempo.  

Nesse contexto, provavelmente, você já deve ter ouvido falar que a pontuação das provas do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) é calculada a partir de uma metodologia chamada Teoria de Resposta ao Item (TRI). 

Essa metodologia faz com que estudantes com a mesma quantidade de acertos obtenham notas diferentes no exame. Isso ocorre porque a pontuação não se baseia apenas no número de acertos e erros, mas nos parâmetros analisados, que atribuem um valor específico a cada questão.

Para que você compreenda melhor, neste artigo explicaremos como funciona essa metodologia, quais são seus fundamentos e como ela é aplicada em contextos educacionais. Continue a leitura!

O que é a Teoria de Resposta ao Item? 

A TRI, ou Teoria de Resposta ao Item, se baseia em um conjunto de modelos matemáticos que busca ilustrar a relação entre a probabilidade de um estudante acertar uma questão, seu nível de conhecimento na área avaliada e as características das questões elaboradas (fáceis, médias e difíceis, por exemplo).

Desse modo, a TRI atribui valores distintos para cada questão com o objetivo de avaliar de forma mais apurada o conhecimento do estudante naquela disciplina. Para exemplificar, imaginemos uma prova composta por 100 questões, sendo que cada questão vale 1 ponto. Se dois estudantes acertarem 60 questões, ao final, ambos terão a mesma nota – 60 pontos. 

Em contrapartida, na Teoria de Resposta ao Item, cada uma das questões tem um valor em pontos. As questões mais fáceis, acertadas pela maioria dos estudantes, podem valer um determinado valor, enquanto as questões mais elaboradas e que exigem maior domínio da matéria podem valer outra quantia. 

Dessa maneira, se os dois estudantes do primeiro exemplo acertarem 60 questões, mas apenas um deles acertar as questões mais elaboradas, as notas entre eles serão diferentes.

Como surgiu?

A Teoria de Resposta ao Item (TRI) teve sua origem na década de 1950, quando vários artigos importantes sobre o tema foram publicados. Frederic Lord, considerado o pai da teoria, iniciou o desenvolvimento de modelos matemáticos já em 1940, com o objetivo de avaliar as habilidades de indivíduos em testes padronizados. 

Os trabalhos de Lord estabeleceram métodos aplicáveis a testes com respostas dicotômicas, ou seja, de certo ou errado. Mais tarde, o modelo foi evoluindo, o que simplificou o tratamento matemático dos dados. 

Os primeiros modelos de TRI possuíam apenas 1 parâmetro, onde se considerava uma única habilidade de um único grupo. Após isso, Lord sentiu a necessidade da incorporação de um parâmetro que solucionasse o problema do acerto casual. Dessa forma, surgiu o modelo de 3 parâmetros. 

Teoria de Resposta ao Item x Teoria Clássica dos Testes

As duas principais teorias usadas para avaliar testes e medir habilidades e conhecimentos são a Teoria Clássica dos Testes (TCT) e a Teoria de Resposta ao Item (TRI). Elas abordam a análise de avaliações de maneiras essencialmente diferentes. Conheça cada uma delas!

Teoria Clássica dos Testes 

A TCT concentra-se no teste como um todo. As principais características deste modelo são:

  • Dependência do teste: as estatísticas dos itens (como dificuldade e discriminação) dependem da população de examinandos e do teste específico ao qual os itens pertencem;
  • Escores globais: o foco está no desempenho geral do sujeito em um conjunto de itens, resultando em um único escore total; e
  • Erro de medida: assumem-se erros de medida uniformes para todos os itens e sujeitos;
  • Aplicabilidade limitada: as conclusões obtidas para um teste específico podem não se aplicar a outros testes.

Teoria de Resposta ao Item

A TRI, por outro lado, concentra-se nos itens individuais do teste. Suas principais características são:

  • Independência do teste: os parâmetros dos itens (dificuldade, discriminação e acerto casual) são considerados características próprias dos itens, independentemente da população de examinandos ou do teste específico;
  • Parâmetros dos itens: cada item é avaliado com base em seus parâmetros intrínsecos, que são considerados invariantes no tempo, com algumas exceções (por exemplo, itens sobre temas sazonais ou modismos);
  • Medida individual: a habilidade do sujeito é medida de forma independente do teste específico, o que permite comparar escores de diferentes testes; e
  • Flexibilidade: a TRI permite ajustar os itens ao nível de habilidade dos sujeitos, tornando possível criar testes adaptativos onde as perguntas são selecionadas com base no desempenho do examinando em tempo real.

Portanto, a TCT avalia o desempenho geral com base em um conjunto fixo de itens, sendo que as conclusões dependem do teste específico e da população testada.

Em contrapartida, a TRI avalia cada item individualmente, criando uma medida de habilidade que é independente do conjunto específico de itens usados. Isso permite maior precisão e flexibilidade na criação e aplicação de testes.

TRI no contexto educacional 

De acordo com a nota técnica do Inep sobre a TRI, o uso da Teoria no Brasil em avaliações educacionais teve início com o Sistema de Avaliação da Educação Básica (SAEB) em 1995 e, em seguida, foi implementado também no ENCCEJA, Prova Brasil e ENEM.

Ainda segundo a nota, a Teoria de Resposta ao Item é amplamente adotada por vários países ao redor do mundo, incluindo Estados Unidos, França, Holanda, Coreia do Sul, China e os países que participam do PISA (Programa Internacional de Avaliação de Estudantes). Confira duas avaliações bem conhecidas que utilizam a TRI na correção:

TOEFL

Um exemplo notável de avaliação que utiliza a TRI é o TOEFL, exame de proficiência em língua inglesa. Criado em 1964, o TOEFL é aplicado globalmente, avaliando mais de 25 milhões de estudantes desde seu início e sendo administrado por mais de 4.500 centros em 165 países. Mesmo com provas distintas para cada aplicação, os resultados são comparáveis e justos.

SAT

Outro exame importante que utiliza princípios semelhantes ao ENEM na correção é o SAT (Scholastic Aptitude Test ou Scholastic Assessment Test). Este exame padronizado é aplicado a estudantes do Ensino Médio nos Estados Unidos e serve como critério de admissão para universidades norte-americanas. 

Vantagens da TRI

Apesar de ser realizado em diferentes momentos e com provas distintas, a utilização de uma escala padrão permite a comparabilidade dos desempenhos dos candidatos.

Dessa forma, conclui-se que a aplicação da TRI no contexto de avaliações educacionais oferece uma série de vantagens significativas que a tornam uma ferramenta valiosa. Sua precisão, comparabilidade, adaptabilidade e independência de parâmetros proporcionam uma avaliação mais justa e informativa, beneficiando tanto alunos quanto educadores. 

Assim, todas as características apresentadas tornam a TRI especialmente adequada para avaliações em larga escala e para fornecer insights detalhados sobre o desempenho dos estudantes. 

Esperamos que este conteúdo tenha te ajudado a entender melhor como funciona a Teoria de Resposta ao Item e como ela pode ser benéfica. Você sabia que a Fábrica de Provas pode oferecer avaliações com TRI para a sua instituição? Com essa avançada abordagem estatística, você consegue garantir resultados justos, confiáveis, e assim, melhorar a qualidade das suas avaliações. Entre em contato e solicite um orçamento!

Autor

  • Gabrielle Dias

    Gabrielle Dias trabalha como Analista de Marketing e é especialista em Educação, Tecnologia e Inteligência Artificial.

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