Guia da cultura organizacional: o que é, elementos e como fortalecer

pessoas conversando em um ambiente corporativo, cultura organizacional

A cultura organizacional é um tema em alta nos últimos tempos. E não é por menos: ela define ao mesmo tempo que é definida pela maneira como os integrantes da empresa se comportam dentro da organização.

E, mesmo que uma empresa não tenha suas particularidades descritas no papel, sabemos que toda organização tem hábitos e comportamentos únicos que ditam a cultura do dia a dia.

Mas, ter consciência desses hábitos é muito importante para o RH, não apenas para cultivar uma boa cultura dentro da empresa, mas também porque ela pode ser um grande atrativo para recrutar novos talentos.

Continue a leitura e confira o que é a cultura organizacional, quais seus elementos, níveis, e como ela é formada e mantida nas empresas!

O que é?

A cultura organizacional pode ser definida como um conjunto de valores, crenças, práticas e comportamentos que orientam como as pessoas interagem e realizam suas atividades dentro de uma empresa.

Ela é, em essência, a “personalidade” da organização e reflete como os colaboradores, gestores e todos os envolvidos no ambiente corporativo agem e se relacionam.

Vale lembrar que a cultura organizacional não surge de forma espontânea. Ela é construída ao longo do tempo, a partir das decisões e atitudes dos fundadores, dos líderes e dos próprios colaboradores.

Em muitos casos, a cultura é transmitida de forma implícita, por meio de exemplos e comportamentos repetidos, e não necessariamente por normas escritas.

Vamos a alguns exemplos

Para ilustrar melhor o conceito, imagine duas empresas fictícias.

  • A primeira é uma startup de tecnologia, com ambiente descontraído, onde os colaboradores têm liberdade para trabalhar de onde quiserem e participar ativamente das decisões. Esse é um exemplo de uma cultura organizacional flexível e orientada à inovação.
  • A segunda empresa é uma organização mais tradicional, com hierarquias bem definidas e processos rigidamente estruturados. Nesse caso, a cultura valoriza a disciplina, a estabilidade e o cumprimento de regras.

Esses dois exemplos mostram como a cultura organizacional pode variar amplamente de uma empresa para outra.

E saiba que não existe certo e errado. Claro, existem boas práticas, mas a realidade é que cada organização tem sua própria cultura. E se ela é mais rígida ou flexível, inovadora e tradicional, hierarquizada ou horizontais depende muito das suas origens e das dinâmicas cotidianas.

Cultura forte x fraca

Ainda assim, a cultura organizacional pode ser classificada como forte ou fraca.

A cultura forte é aquela que está bem enraizada e compartilhada por todos os membros da organização. Ela guia as ações e decisões, influenciando diretamente o comportamento dos colaboradores.

Por outro lado, uma cultura fraca é aquela em que não há uma identidade clara ou alinhamento entre os membros da organização. Nesses casos, as normas e valores não são bem definidos. Isso infelizmente pode gerar desmotivação e falta de direcionamento.

Afinal, sem valores e normas claras os colaboradores não possuem um norte para guiar suas atitudes. E isso piora em cenários em que cada liderança exige diferentes comportamentos.

Elementos da cultura organizacional

A cultura organizacional forte é formada por diversos elementos que, quando bem estruturados, ajudam a definir o ambiente de trabalho e alinhar o comportamento dos colaboradores.

Isso porque elementos formam a base sobre a qual os valores e as práticas da organização são construídos. Vamos explorar alguns deles:

Normas

Essas são as regras que orientam o comportamento dos colaboradores. Elas podem ser:

  • Formais: são como as políticas de conduta estabelecidas pela empresa, em cartilhas institucionais, manuais e até contratos.
  • Informais: são baseadas em práticas cotidianas, não registradas, mas que ainda assim se tornam parte do “jeito” da empresa.

Normas bem definidas ajudam a manter um ambiente organizado e coerente. Mas isso não quer dizer que todas as regras precisam ser escritas em pedra.

Principalmente porque, muitas vezes, as normas informais também são fundamentais para guiar as atitudes dentro da empresa.

Crenças

As crenças refletem o que a organização valoriza e acredita ser verdade. Elas influenciam as decisões das lideranças e as formas de trabalhar dos times.

Além disso, elas podem variar desde a crença na importância da inovação, até a ideia de que o sucesso depende da colaboração de todos.

Valores

Estes são os princípios fundamentais que guiam as ações da organização.

Valores como ética, transparência, respeito e excelência estão frequentemente presentes nas culturas organizacionais mais fortes.

Eles não devem ser vistos apenas palavras no papel. Precisam ser vividos no dia a dia para moldar a maneira como todos se comportam. Ou seja, os valores que realmente contam são aqueles vivenciados na prática, e não os que estão apenas no discurso.

Heróis

Os heróis são as pessoas dentro da organização que exemplificam os valores da empresa.

Muitas vezes, eles são indicados pelo RH ou são identificados por votação das equipes.

Os heróis ajudam a reforçar a cultura e a criar um senso de pertencimento. E consistem em líderes ou colaboradores que servem de inspiração, motivando outros a seguir o exemplo.

Comunicação

A forma como a comunicação ocorre dentro da empresa é um reflexo direto da sua cultura.

Se a empresa valoriza a transparência, por exemplo, a comunicação tende a ser aberta e acessível para todos.

Em uma cultura hierarquizada, por outro lado, a comunicação pode ser mais formal e vertical.

Narrativas e mitos

As histórias sobre a fundação da empresa, suas conquistas e até mesmo seus desafios ao longo do tempo ajudam a construir uma narrativa interna que reforça a identidade organizacional.

Muitas vezes, essas histórias se tornam mitos que inspiram os colaboradores e mantêm viva a cultura.

Tabus

Em toda cultura, existem comportamentos ou temas que são evitados.

Esses são os chamados “tabus”, que podem ser definidos como práticas que não são bem vistas pela organização, mesmo que não estejam explicitamente proibidas.

Entender os tabus da empresa ajuda os colaboradores a saber o que não fazer, e são tão importantes quanto as normas.

Rituais e cerimônias

Os rituais e cerimônias podem ser pequenas ações, como reuniões semanais, ou grandes eventos, como celebrações anuais de metas atingidas.

Essas práticas repetidas com frequência são essenciais para reforçar os valores e celebrar as conquistas da empresa. Além disso, elas fortalecem o senso de união e o compromisso com a cultura.

Quais os 4 tipos de cultura organizacional?

Existem quatro tipos principais de cultura organizacional. Cada uma delas tem suas particularidades, que influenciam a forma como as empresas operam.

Conheça os destaques de cada uma:

Cultura de pessoas

Focada no bem-estar dos colaboradores, esse tipo de cultura prioriza o desenvolvimento e a satisfação dos funcionários.

Empresas com essa cultura acreditam que investir em pessoas é o caminho para o sucesso a longo prazo.

Cultura de tarefas

O foco da organização centrada em tarefas está no desempenho e na eficiência.

As empresas com essa cultura buscam a execução precisa de atividades e o cumprimento de metas, e tem isso como foco principal.

Culturas de papéis

Caracterizada por uma estrutura clara e bem definida de funções e responsabilidades, essa cultura valoriza a estabilidade e o cumprimento de processos.

Cada pessoa tem seu papel dentro da organização, e o respeito às hierarquias é fundamental.

Cultura de poder

Em uma cultura de poder, a autoridade é concentrada em um pequeno grupo de pessoas, que tomam as principais decisões.

A estrutura hierárquica é forte e o controle é mantido através do poder de decisão centralizado.

Quais os níveis da cultura organizacional?

Se formos traçar uma analogia para cultura empresarial, podemos pensar em uma cebola.

Isso porque ela se apresenta em diferentes camadas, ou melhor, níveis, que vão se aprofundando à medida que chegamos no centro. Abaixo falamos de cada um deles:

1. Artefatos

São os aspectos visíveis da cultura, como o ambiente físico, a vestimenta dos colaboradores, e até a organização dos espaços.

Esses elementos externos refletem a cultura interna. Por exemplo, uma start up com grandes mesas sem divisórias no escritório pode indicar uma cultura colaborativa e horizontal. Já um escritório com salas separadas pode mostrar uma cultura mais hierarquizada.

2. Valores compartilhados

Como vimos, são os valores que orientam o comportamento dos colaboradores.  Eles formam uma base comum de entendimento e ação.

Eles não são tão visíveis quanto os artefatos, mas são facilmente reconhecidos nas atitudes cotidianas.

Temos como exemplo de valores compartilhados o incentivo à inovação e capacitação profissional, ações com foco em sustentabilidade, entre outras.

3. Pressupostos

Os pressupostos estão no nível mais profundo da cultura organizacional. Eles são as crenças inconscientes que os colaboradores possuem sobre a empresa, o mercado e a própria forma de trabalho.

Ao contrário dos artefatos e dos valores, os pressupostos não são facilmente visíveis ou discutidos, mas moldam as atitudes e comportamentos de forma significativa.

Eles são internalizados ao longo do tempo e aceitos como verdades dentro da organização. Isso influencia diretamente a forma como as pessoas agem.

Por exemplo, se uma empresa possui o pressuposto de que “o cliente está sempre certo“, essa crença guiará todas as interações com os clientes, mesmo que não esteja explícita em políticas formais.

Já os pressupostos como “a inovação constante é essencial” ou “a hierarquia deve ser respeitada” moldam a cultura nesse nível profundo, muitas vezes sem que os colaboradores percebam sua influência direta.

Como ela é formada?

A cultura organizacional é formada por uma combinação de fatores, começando pelas decisões e crenças dos fundadores da empresa.

Esses primeiros passos são fundamentais, pois estabelecem o tom inicial da cultura, que será reforçada pelas ações e comportamentos dos líderes.

Além disso, a forma como a empresa lida com desafios e mudanças também contribui para a formação de sua cultura. As soluções encontradas para problemas e as lições aprendidas com sucessos ou fracassos criam padrões de comportamento que são repetidos e, eventualmente, institucionalizados.

O recrutamento de novos colaboradores também tem grande impacto na formação da cultura. Afinal, eles trazem consigo novas perspectivas e valores que podem fortalecer ou modificar a cultura existente.

Como ter uma boa cultura organizacional?

Ter uma cultura organizacional forte e positiva é essencial para o sucesso a longo prazo de qualquer empresa.

E aqui estão algumas de nossas dicas para cultivar uma boa cultura na sua empresa:

Defina e comunique os valores

Ter clareza sobre os valores que a organização deseja promover é o primeiro passo.

Esses valores devem ser comunicados de forma clara e prática, para que todos os colaboradores entendam e se alinhem com eles.

Guie pelo exemplo

Os líderes da empresa desempenham um papel crucial na construção da cultura organizacional. 

Por isso, eles devem ser os primeiros a incorporar os valores da empresa em suas ações, servindo como modelos para os demais.

Promova um ambiente de confiança

Um dos pilares de uma cultura organizacional forte é a confiança.

Isso inclui a confiança entre colaboradores e líderes, e também a confiança de que a empresa agirá de forma ética e transparente.

Reconheça a atuação dos colaboradores

Celebrar as conquistas e reconhecer comportamentos alinhados à cultura organizacional são formas de fortalecer os laços entre colaboradores e empresa.

Quando as pessoas sentem que suas contribuições são valorizadas, elas se engajam mais profundamente.

Qual a importância?

Como vimos, a cultura organizacional é um alicerce sobre o qual toda a empresa se sustenta.

Ela vai além de apenas definir como os colaboradores interagem entre si, mas também molda a condução dos negócios, impacta a produtividade e pode ser um diferencial competitivo.

Uma cultura organizacional bem estruturada oferece vários benefícios, como:

  • Maior engajamento;
  • Aumento na retenção de colaboradores;
  • Atração e recrutamento de novos talentos;
  • Alinhamento e clareza;
  • Maior adaptabilidade e resiliência;
  • Melhor reputação;
  • Fortalecimento da imagem da marca.

Por fim, uma cultura organizacional bem trabalhada não deve ser vista apenas como um “extra” para o sucesso da empresa. Ela é um elemento central!

É ela quem dita os rumos, fortalece a união da equipe e, em última instância, ajuda a organização a atingir seus objetivos de forma sustentável e harmoniosa.

E agora que você já sabe tudo sobre cultura empresarial, que tal conferir também nosso guia sobre cultura de feedback? Com ele, você aprende como fortalecer as relações em sua empresa, enquanto melhora o desempenho dos colaboradores!

Foto do post: Reprodução/Freepik

Autor

  • Isadora Ferreira

    Mineira, jornalista e analista de conteúdo com 6+ anos de experiência em Educação, Tecnologia e Finanças. Apaixonada por criar histórias que conectam. Amante de literatura e idiomas, sempre buscando novas descobertas e conexões.

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