A diversidade e inclusão são pautas cada vez mais frequentes no mundo corporativo. E não é por menos: empresas com maiores índices de diversidade também são mais produtivas e têm melhor desempenho!
E um dos instrumentos mais relevantes nesse processo são as vagas afirmativas! Mas o que exatamente é esse tipo de vaga e como implementar nas organizações?
Continue a leitura para explorar o conceito de vaga afirmativa, sua importância, e como oferecer esse tipo de contratação na sua empresa!
O que é vaga afirmativa?
Vagas afirmativas são políticas de recrutamento e seleção com o objetivo de promover a igualdade no mercado de trabalho.
Elas são destinadas a grupos historicamente marginalizados ou sub-representados, como pessoas com deficiência, negros, pessoas trans e outras minorias.
O objetivo de contratações específicas para esses grupos é justamente criar ambientes mais equitativos e oferecer oportunidades a quem, muitas vezes, enfrenta barreiras para ingressar no mercado de trabalho.
Veja como elas funcionam nos exemplos abaixo:
- Vagas afirmativas para negros: forma de combater a desigualdade racial no mercado de trabalho. Essas vagas visam aumentar a presença e a representatividade de pessoas negras nas empresas, independente dos níveis hierárquicos, garantindo que elas tenham as mesmas oportunidades de crescimento e desenvolvimento que seus colegas.
- Vagas afirmativas para pessoas com deficiência (PCDs): tem o objetivo de garantir que essas pessoas tenham acesso ao mercado de trabalho e possam contribuir com suas habilidades e talentos. Para melhor acolhê-las, as empresas devem adaptar seus processos de trabalho para atender melhor às necessidades específicas de PCDs, promovendo um ambiente acessível e inclusivo.
O que diz a lei?
Ainda não há no Brasil uma lei específica sobre processos seletivos afirmativos. No entanto, temos diferentes legislações que abordam o tema de diversidade e inclusão no ambiente de trabalho. São alguns exemplos:
- CLT, Art.429, de 1943: Obriga as empresas a contratar aprendizes, garantindo oportunidades para jovens entre 14 e 24 anos, promovendo a inclusão e capacitação profissional dessa faixa etária
- Decreto 65.810, de 1969: Reforça o compromisso do Brasil junto às Nações Unidas em combater a discriminação racial, estabelecendo que o país deve adotar medidas para eliminar a discriminação racial em todas as suas formas, inclusive no ambiente de trabalho.
- Lei 8.213, Art.93, de 1991: Conhecida como a Lei de Cotas, exige que empresas com 100 ou mais funcionários reservem uma porcentagem de vagas para pessoas com deficiência (PCDs), incentivando a inclusão desse grupo no mercado de trabalho.
- Lei n° 12.888, de 2010: Também conhecida como Estatuto da Igualdade Racial, estabelece diretrizes para a promoção da igualdade racial, incentivando práticas inclusivas no mercado de trabalho para aumentar a representatividade da população negra.
- Decreto nº 9.571, de 2018: Estabelece as Diretrizes Nacionais sobre Empresas e Direitos Humanos, promovendo a responsabilidade das empresas em adotar políticas inclusivas e combater a discriminação no ambiente de trabalho.
Qual a diferença entre vaga afirmativa e exclusiva?
Ambos os conceitos servem ao mesmo objetivo, tendo apenas diferentes nomenclaturas.
Assim, ambas as políticas se resumem em dedicar vagas de trabalho específicas para candidatos de grupos historicamente minorizados, a fim de garantir a inclusão dessas pessoas no mercado de trabalho.
Como funcionam as vagas afirmativas nas empresas?
Antes de mais nada, para adotar vagas afirmativas nas empresas da melhor maneira, é preciso ter um compromisso ativo na atração e contratação de talentos dos grupos sub-representados.
E isso começa desde o planejamento do processo seletivo, com criação de estratégias que eliminem barreiras, e ampliem o alcance para os mais diversos públicos.
Para isso, as empresas podem contar com parcerias com ONGs e associações associadas, que apoiam grupos minoritários. Elas podem ajudar, por exemplo, na divulgação de vagas para candidatos que, normalmente, não seriam alcançados por vias tradicionais de recrutamento.
O treinamento da equipe de RH também é essencial! Os profissionais de recrutamento devem estar capacitados para promover processos seletivos mais justos e inclusivos!
Isso inclui, também, a adaptação de critérios de seleção, a fim de avaliar os candidatos com um olhar mais inclusivo. É importante reconhecer as habilidades e experiências que, muitas vezes, podem passar despercebidas em processos tradicionais de seleção.
Como oferecer esse tipo de vaga?
Como vimos, para oferecer vagas afirmativas, é necessário que a empresa adote uma postura proativa em relação à inclusão e diversidade.
Para isso, podemos contar com alguns passos essenciais:
1. Mapeie as necessidades e o contexto da empresa
Quais são os grupos sub-representados dentro do quadro de funcionários da empresa?
A resposta dessa pergunta é muito importante para determinar quais vagas afirmativas devem ser abertas!
Inclusive, é importante também identificar as áreas da organização que podem se beneficiar de maior diversidade.
E lembre-se que as vagas afirmativas podem ser abertas nos mais distintos níveis de hierarquia empresarial, indo de oportunidades operacionais a posições executivas.
2. Adapte os processos seletivos
É inegável que processos seletivos tradicionais podem apresentar barreiras para candidatos de grupos minorizados. Portanto, adaptá-los é essencial!
Algumas medidas interessantes são:
- Reformulação de descrições de vagas, para que sejam mais inclusivas;
- Uso de técnicas de recrutamento às cegas, evitando fotos e até mesmo nomes de candidatos durante a triagem;
- Definir painéis de entrevistas mais diversos;
- Realizar vídeo-chamadas com legendas ou tradução;
- Usar formatos alternativos de materiais, como braile em impressos, e áudio-descrição em conteúdos digitais;
- Oferecer intérpretes de Libras e treinamentos para recrutadores.
Esses ajustes ajudam a garantir que o foco do processo sejam as habilidades e qualificações dos candidatos, e não vieses inconscientes que podem influenciar a decisão final.
3. Crie um ambiente acolhedor
De nada adianta implementar vagas afirmativas sem garantir que o ambiente corporativo seja acolhedor e seguro para todos os colaboradores.
A empresa deve investir em iniciativas de sensibilização, como treinamentos de diversidade e inclusão, para preparar a equipe e evitar situações de discriminação ou preconceito.
Além disso, é essencial criar canais de comunicação abertos, onde os colaboradores possam expressar preocupações e sugerir melhorias.
Quem pode se candidatar a uma vaga afirmativa?
As vagas afirmativas são voltadas para grupos específicos de pessoas que historicamente enfrentam dificuldades de inclusão no mercado de trabalho.
Isso inclui, por exemplo, pessoas negras, mulheres em áreas predominantemente masculinas, pessoas com deficiência, LGBTQIA+, entre outros.
O importante é que a empresa tenha clareza ao definir os grupos para os quais a vaga está destinada, garantindo que essa informação esteja objetiva e acessível nos anúncios de vagas.
Qual a importância das vagas afirmativas?
As vagas afirmativas são cruciais para promover a equidade no mercado de trabalho.
Elas ajudam a reparar as desigualdades históricas enfrentadas por grupos minorizados, garantindo que esses profissionais tenham as mesmas chances de desenvolver suas carreiras em ambientes que valorizam a diversidade.
Além disso, ao criar um quadro de funcionários mais diverso, a empresa ganha em inovação e performance, refletindo diretamente em seus resultados.
As vagas afirmativas também são uma maneira de construir uma cultura organizacional mais inclusiva e representativa, onde todos os colaboradores se sintam valorizados e possam contribuir plenamente para o sucesso da empresa.
Isso não apenas promove um ambiente mais justo, mas também fortalece a imagem da marca, alinhando-a com os valores de responsabilidade social.
E se você deseja saber mais sobre como práticas como essa impactam positivamente o mercado, recomendamos a leitura do nosso Guia sobre ESG: conceito, pilares e importância para empresas!
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Mineira, jornalista e analista de conteúdo com 6+ anos de experiência em Educação, Tecnologia e Finanças. Apaixonada por criar histórias que conectam. Amante de literatura e idiomas, sempre buscando novas descobertas e conexões.